Hoje, no Dia Mundial da Amamentação, quero falar com você sobre um assunto que costuma gerar bastante dúvida: a relação entre cirurgia plástica e amamentação. O número de mulheres que realizam cirurgia na área da mama é cada vez maior.
Só para você ter uma ideia, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) indica que o Brasil é um dos líderes mundiais em cirurgias plásticas, com uma média de mais de 200 mil operações por ano para aumento das mamas. Em geral, as cirurgias estéticas são feitas em mulheres jovens que ainda não amamentaram. É importante que os cirurgiões plásticos expliquem sobre a amamentação durante as consultas, pois a intervenção na mama pode ter impactos.
Entre eles, há o risco de fibrose cicatricial, o que interfere não só na produção, mas também no fluxo de saída do leite, podendo promover o que denominamos de ingurgitamento mamário. Esse é um processo que pode trazer complicações como dores e inflamações. A explicação está no fato de que as cirurgias mamárias podem envolver incisões extensas e a mobilização de toda a região da aréola, o que pode causar lesão ou remoção dos tecidos que produzem e drenam o leite. As consequências se intensificam caso haja complicações no quadro pós-operatório.
E se a mulher tem silicone?
Quando se fala no aumento das mamas com prótese de silicone, a produção de leite poderá ser afetada. A presença da prótese tem risco de afetar negativamente o processo de expansão da mama, pois a distensão promovida pelo implante tem um efeito que inibe a produção de leite. Assim, a mulher apresenta maior dificuldade de manter o aleitamento exclusivo em razão da menor produção.
E se a mulher reduziu os seios?
Na mamoplastia redutora, poderá haver impactos na produção de leite devido à ressecção e ao manuseio dos tecidos. As técnicas que mantêm intacta a coluna do parênquima atrás da aréola parecem proporcionar maior probabilidade de sucesso na amamentação.
Qual a conclusão?
É importante reforçar que riscos existem, mas não significa que eles irão acontecer. Muitas mulheres têm cirurgia mamária e conseguem amamentar tranquilamente. Fatores emocionais também são importantes e podem interferir consideravelmente na amamentação. O que é fundamental é a mulher ter acesso à informação e receber a orientação médica adequada.
Os cirurgiões plásticos, ginecologistas e mastologistas devem estar aptos e atualizados para falar sobre expectativas antes da operação e possíveis desejos da paciente, inclusive em relação à questão da amamentação. A decisão deve ser compartilhada com a paciente, a fim de reduzir as chances de um arrependimento futuro e alinhar as perspectivas.
Fontes: SBSP - Sociedade de Pediatria de São Paulo | SBCP - Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica